Palavras.

02:17

Aceitar que toda palavra é fugaz: A partir do momento que é proferida, ela deixa de te pertencer, e vira propriedade do tempo.
Nenhuma palavra fica estática no ar. Ela se perde dentre tantos ares, sopros, tormentos. Ela se torna propriedade do tempo.
Memória.
Lembrança.
Adquire valor simbólico.
Ela não te pertence mais.

A palavra não registrada se perde no vento. Nenhuma palavra proferida volta à boca; entra na memória.
Lembrar palavras pode fazer você re-senti-las. Você se ilude, mas não é capaz de re-valoriza-las. Toda palavra dita perde seu valor no tempo.
Palavra existe no momento. Palavra é instante. Palavras se perdem.

Não pense que uma palavra dita terá significado eterno. Significados mudam. Contextos, atitudes, intenções. Toda palavra só vive dentro do seu próprio mundo. Toda palavra é finda.

Palavras registradas ficam. Perdem valor, mas se concretizam. O papel é o único guardião da palavra. Não é a mente, não é a boca, não é a voz. Só o papel guarda e eterniza uma palavra.

Significados mudam. Interpretações mudam. A palavra mantem-se presa ao papel; e a ele, deve sua existência. A palavra se perde quando o papel se desfaz. Volta a existir só na memória. E na memória, não se confia.

É vão se apegar as palavras ditas no passado. Re-diga-as. Re-crie-as. Re-viva-as. No presente. A palavra atinge no momento que é proferida, depois se perde. Re-ative-as, faça-se entender constantemente.

Declare, reclame, insulte, chame, elogie, grite, peça, agradeça. Repita as palavras que profere, se quer que seu efeito persista. Falar uma vez, é falar e deixar morrer. As palavras se perdem no tempo.

A imortalidade vem através do papel. Aprisione palavras, registre-as.
Mas não se esqueça que o valor, o peso, a intenção, o sentido das palavras... esses, papel nenhum é capaz de deter ou perpetuar.

Esses, dependem da gente.

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