Se você vier.
00:56Não sei a quantas anda teu orgulho, tua consciência, tua hombridade.
Não sei a quantas anda teu desamor - ou melhor - tua caminhada rumo a quebra da ilusão que construíra sobre mim.
Não sei a quantas anda teu sono, o peso dos teus passos, o mundo ao seu redor.
Muito menos sei a quantas anda esse caminho que você resolveu trilhar, enfim, sem mim.
Me olho no espelho e penso se alguma vez você viu o que eu vejo neste momento. Tento pensar qual estratégia você usou para, tijolo por tijolo, construir esse muro que me separou da minha própria realidade. O qual, devo dizer, você talvez nunca transpôs. Será que o que eu te oferecia não fora suficiente pra você? Ou será que eu te recebi com os braços abertos demais, o suficiente para conseguir carregar tudo isso que você construiu sobre mim?
Me olho no espelho e penso que amor não se transforma em ódio. Amor se transforma em carinho, ternura. Ilusão se transforma em ódio.
Eu queria que você pudesse ter enxergado o meu "eu" quando estive ao teu lado. Queria que tivesse me amado - não a projeção no muro. Porque talvez, então, você entenderia o que eu sinto por você hoje. Você entenderia porque "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Você entenderia porque eu precisei ir embora.
Eu sinto muito.
Sinto.
E é muito.
-
Se você vier e conseguir me olhar, e conseguir me ver, e me reconhecer, e me entender, e não me julgar, agora que derrubei as paredes que você mesmo construiu; se você vier e tudo isso acontecer, ah, que belo dia será amanhã!
Mas te conheço. Sei dos teus desvios, da tua conduta, do teu pensar. Sei que esse encontro com a realidade seria pesado demais pra você. Sei que, por nunca ter me visto, mas achar que viu, nunca conseguirá me ver.
Por isso, com pesar, eu digo:
- Se você vier,
faça o favor de desviar o olhar.
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