Sentinela

21:14

É que eu sinto medos incabíveis, calafrios sem nome.
Uma hora, fujo para o norte com medo do frio
Para, logo em seguida, me encontrar encoberta de quentes memórias em abrigos que não me cabem mais
Que me sufocam
Me esvaziam
Me prendem nessa rocha que insisto em chamar de lar

E o quê preenche esse vazio? Você sabe?
O buraco entre-aberto-entre-entranhas sente-se deslocado de tudo
Será que eu mesma sei do que sinto falta?

A palavra me escapa...
E então, fujo!

Mas fujo de quem? Do quê? Onde posso me esconder de algo que nem mesmo a forma eu sei?

Fujo fechando meus olhos. Cerrando meus punhos. Cruzando meus braços.
Viro feto em posição, me enrolo em mim.
Me trancafio naquilo que conheço, que tenho posse.

Mas e o mundo? E tudo? E o surto? Como faço para obter ar?

Assim, entendo que:
É preciso respirar,
É preciso tragar a fumaça da loucura mundana,
Engolir à força tudo o que temo e deglutir.

Excretar.

Deixar que meu próprio corpo seja filtro daquilo que me impede de ser
feliz (?)
completa (?)
incandescente (?)

E lembrar que, no final, para (sobre)viver
É necessário se perder por aí.
É necessário abrir os olhos.
É necessário partir.

Porque o suficiente não é o que é posto
É o que preenche.


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