Sargento

22:08

Eu não quero que seja certo, eterno, bruto e reto
Não quero que seja brasa, brisa, paisagem de passagem na janela

Quero estapafúrdios de felicidade
Rochedos nos pinhais
Espinhas dorsais eretas gemendo de dor
Por carregar o peso de algo que deveria ser sutil

Não quero lágrima, branda visão beira
Quero você, in-tei-ro
Canções cantaroladas cantarodançantes no chuveiro
E em punho, viste, um buquê de rosas só teu
Meu corpo só teu
Meu eu não meu
Meu furo, preencheu

Me leve daqui e me deixe desabrochar
Por dentre esses encantos de tão longe vindos
Lave esses espelhos partidos
Me deixe de canto, chorar

Exponha teu sexo e se mostre vulgar
Rache-se, charque moribundo nesse rio sem dono
Não precisa de explicação, não precisa me explicar
Não tem mais graça, trace teu prumo
Cale a boca e cale a minha
Minh'alma que se vê clara clareando
Esses caminhos de paralelepípedo e cruz

Saia daqui e se esvaia
Enviese meu suor, meu pudor e meus calos
Julgue-se superior e caia
Aqui embaixo não há telhado

Rasgue esse poema de sarjeta
Estique-se até o precipício
E deixe o que urge aqui dentro saltar
Hasta el infinito

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